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   quinta-feira, novembro 23, 2006
A lua está nova. Minha cara continua um pouco inchada e não há vírus nem bactérias nas minhas parótidas segundo os exames.

Agora eu sei: Na verdade eu estou passando por uma metamorfose e vou me transformar num baratão.

Nada de Kafka. A coisa aqui é mais trash, afinal, eu sou o Edgar.







gimme sugar!



   quarta-feira, novembro 22, 2006
Desditas de um dodói

Que porra de doença é esta?

O bunda-mole hipocondríaco já se manifesta e imagina várias opções incluindo as piores imagináveis: "Acho que morrerei dentro em breve..."

Já o desencanado diz que deve ser uma gripezinha de merda e declara assunto encerrado: "Deixe de frescura!"

Eu acho que nenhum dos dois sabe de nada e resolvo procurar um profissa, já que noto que tenho febre, e forte - respiração quente, moleza, frio, calafrios e dor muscular.

Até poderia retirar a dor muscular da lista dos sintomas, uma vez que estávamos eu e a Ma em São Thomé das Letras e lá caminhamos como camelos no primeiro dia.

No segundo dia é que eu comecei a sentir a febre e um choque de alimento muito azedo no fundo da mandíbula. Nem por isso deixei de me jogar no pocinho e nas três cachoeiras que fomos com um grupo que conhecemos na Gruta do Carimbado. Era nosso segundo e último dia de viagem, oras! Eu só me entregaria e deixaria de curtir (incluindo as cachaças na cachoeira) se eu não pudesse me manter de pé.

Já na segunda-feira, após a viagem de volta durante a madrugada, estava eu trabalhando junto às minhas paranóias e mais meia dúzia de gatos-pingados azareados para trabalhar no feriado do dia da consciência negra. Aqui fica o fundo musical, cante comigo: Vida de preto é difíci, é difíci, é difíci...

Enquanto a febre ora me queimava, ora me congelava eu mantinha meu corpo presente e aguardava pacientemente a hora de ir até o hospital perto da minha casa. E conjecturava sobre o meu mal: como minhas parótidas doem e estão inchadas muito provavelmente é caxumba. Nesse caso preciso tomar cuidado. Será que ficarei estéril? Será que ficarei rendido que nem o tio sacudo da bicicletaria?

Mas também pode ser um câncer, resultado de toda química consumida e que aí se inicia para logo após se espalhar pelo corpo inteiro numa metástase fulminante. E essa sensação de azedume nos cantos da boca? Será que por acaso naquela amora selvagem azedíssima que colhi e comi e São Thomé não pousou antes uma mosca do berne, cujas larvas agora se desenvolvem dentro de minhas parótidas? Que nojo!

Mesmo sabendo que foi o pensamento mais babaca resolvi pesquisar na internet para ter certeza de que esse bicho não pousa e deixa ovos em plantas.

À tardinha, no hospital, o enigma não foi totalmente solucionado: a médica disse que muito provavelmente tratava-se de uma inflamação das minhas amígdalas naturalmente gigantes, que causou uma íngua. Ainda assim não descartou a possibilidade de ser caxumba e pediu que eu retornasse caso meu focinho não inchasse mais.

Depois de receber umas químicas intravenosas voltei pra casa afim de dormir muito. Antes passei na farmácia para comprar o Celebra e a Novalgina receitados e me espantei com o preço do tal de Celebra: Trinta e seis reais por um antiinflamatório?! Absurdo! Depois lembrei que há pílulas as quais eu pago quase esse preço a unidade. Assim baixei a bola e ainda refleti sobre o quão avaro eu sou.

Ao chegar em casa encontrei mochila, bolsa e roupas da viagem espalhados. E assim deixei por dois dias. A bagunça não dói nada, o que dói é perceber que cem reais foram perdidos. E até sei onde foram perdidos: nos dois últimos bancos do ônibus, na viagem de volta, dormi deitado e me revirando like a rolling stone. Entre essas horas que o dinheiro caiu do meu bolso. Eu deveria ter guardado o dito-cujo na carteira, mas na hora que o retirei da bolsa de viagem que ia no bagageiro eu estava viajando de cerveja, cachaça, banza e febre. Agora tenho certeza de que foi culpa da febre, maldita febre!



   sexta-feira, novembro 17, 2006
Meu vizinho jogou uma semente no seu quintal

Eu quero uma casa no campo
onde eu possa plantar mescalitos
maconha e lírios
e nada mais



   domingo, novembro 12, 2006
Ouvindo:

(Já há algum tempo e não sei porquê. Acho que foi desde que o Ratzinger apareceu com a proposta de rezar umas missas em Latim. Hoje puxei o som)

Bezerra da Silva - Canudo de Ouro

Embecado numa rica batina na porta da igreja o vigário
ficava, rezando bem alto a missa em latim pra não dar
na pinta o que ele transava
todos que ali passavam se admiravam da sua oração
mas a reza do padre só fazia milagre
para quem entendia aquela transação (2x)

Dentro da igreja o padre era um santo
das 6 da matina até o meio dia
mas debaixo da sua batina
cheia de flagrante que só Deus sabia

o crucifixo que o padre usava era um
tremendo canudo de ouro
só quem sabia do significado desembolsava logo o dinheiro do bolo
pro azar do padreco pintou um dedo de seta
computador do capeta manjava o latim
ligou as antenas e pegou a mensagem
que foi traduzida e dizia assim:

Quem quiser cafungar ou dá dois
vai na sacristia com o sacristão
mas leve em dólar que a coisa é da boa
porque com o cruzeiro não tem transação

Rapidinho o radar na maior covardia o padreco vendeu
os federais grampearam o vigário vendendo o bagulho na
casa de Deus

mas seu advogado que o direito penal muito entende
fez uma petição clamando ao juiz
- doutor perdoa que ele não sabe o que vende



   sábado, novembro 11, 2006
A vida é fácil como uma rima

Quebrando os dez mandamentos
comentendo sete pecados capitais
já que já somos (l)azarentos
isso não pode ser nada de mais



   sexta-feira, novembro 03, 2006
Saí do trabalho quase às dez da noite. Fazia um tempão que eu não ficava trabalhando depois do horário. Mas não estava com raiva não. Depois da reunião da manhã ficou estabelecido que nosso grupo trocaria de partners e eu finalmente não trabalharei com aquele bosta que consegue tretar com todos os partners. Sendo assim acho que o problema de relacionamento não era meu. Na verdade era um pouco sim: Cada um tem uma reação, e a minha é ficar desmotivado. Já não morro de amores pelo trabalho, então qualquer coisa é motivo para eu me encostar. Queria que o mundo acabasse em barranco...

Enquanto passava pra frente a antiga carteira de clientes e começava a resolver problemas da nova, recebi umas três ligações do meu amigo Husky, com quem eu havia combinado de beber umas cervejas às sete da noite ali no Itaim.

- Fala, homem de merda! Já cheguei aqui no bar.

E na segunda ou terceira:

- E aí, seu viado! Tu vem ou não vem?

Quando cheguei ao bar, chamado Vaca Velha, percebi que teria que ligar pois estava lotado o local. Cheio de cocotas e playbas, e eu com aquela roupa de trabalho. Nem envergando meu melhor terno eu estava! Ao ser questionado sobre a localização exata, meu amigo disse que estava bebendo em frente à tábua de passar roupa na calçada.

Tu do lado da bunda ou do chifre da vaca? - perguntei eu. Pois é, na calçada em frente à porta há uma das vacas do cow parade e no resto da calçada em frente ao bar tem umas quatro tábuas de passar roupa pro pessoal apoiar as cervejas e copos e ficar ali bebendo de pé.

Na verdade o Husky nem estava lá, o filho da puta tinha ido comprar cigarro. Mas estava lá o Zé Luiz, que trabalhou com a gente na agência de navegação. Nem sabia que eles estavam trabalhando juntos. E em uma empresa que é cliente da empresa onde eu trabalho. Coincidentemente da carteira de clientes que eu vou dividir com uma menina do trampo. Ao saber disso, o Husky falou que quer que eu seja o responsável pelos business com eles. Falei que ia me arrepender uma vez que ia tratar com um negociante nato e pechincheiro pra caralho, mas ia pedir pra cuidar da conta deles sim. Ele adiantou que eu não vou pedir nada, que ele é quem vai ligar e dizer que quer que eu seja o customer service deles. Melhor, talvez ajude um pouco na recuperação do meu filme - tostadíssimo por conta de faltas, atrasos e vagabundagens em geral. Nossa, parece que eu tô falando da escola!

Ficamos os três rindo e lembrando dos tempos de departamento de exportação e importação. Das figuraças e dos fatos hilários. Da viagem que fiz com o Husky pra São Thomé e das festas e bebedeiras. E assim fomos bebendo e bebendo até que chegou a menina que ia se encontrar com ele. Eu olhei os peitinhos dela quando ela passou pela gente e não viu. Ele ligou e disse que como ela demorou ele estava com outra gatinha. Ela deu risada ao ver ele bebendo com dois marmanjos.

Bem legal a menina. Ficou logo à vontade trocando idéia conosco. Até que depois da terceira saideira o garçon disse que não daria mais para servir pois o bar estava fechando. Ainda tentamos beber a saideira no bar da outra esquina, que também estava fechando. Ah, a gente pega umas latinhas no posto do caminho - decidimos. Eu e o Zé iámos pra casa e o casal ia comer e trepar, como o Husky já bêbado divulgava. Eles haviam se conhecido há poucos dias, estavam cheios de amorzinho, mas a menina pouco ligava para as indiscrições do rapaz.

Ela prometeu uma carona para o Zé pois não tinha mais ônibus. E eu ia de táxi, mas acabei indo com eles. Depois que deixamos o Zé - que ainda pagou a carona com um carocinho de maconha - íamos pra casa. O Husky já havia dito - e lembrou - que ele ainda iria levar ela num lugar legal pra jantar naquela noite mas ela tomou as rédeas e disse que ia levar a gente pra conhecer um lugar bem legal. Eu ouvi um S no final desse você? É isso mesmo? Ela estava me incluindo? Legal!

Ele ficou curiosíssimo. Ela contou que era surpresa e que era um lugar legal onde ela conhecia o dono, que também é advogado dela, da irmã dela ou coisa que o valha. Ela ia nos levar para conhecer, talvez ficássemos só uns vinte minutinhos. Ela disse que queria ver se a gente ia se chocar. Eu adverti que não me surpreendo nem me choco fácil. Ele disse que não queria ir a nenhum baile gay. Então ela abriu o jogo e falou que estava nos levando para um clube de Swing. Oba!

Gostei mais da menina. Pelo retrovisor vi os bonitos olhos dela, com as sobrancelhas arqueadas pra cima. Segundo ela, ela não ligava pro que as pessoas achavam. Eu só achava que ela era de programa, mas se fosse pra fazer for free, "no amorzinho" como ela disse em uma das nossas conversas no barzinho, eu acharia ótimo.

E lá chegamos. Vários carros na porta e um letreiro com luzes vermelhas ao fundo que indicava o clube do qual nem lembro o nome.

Peguei meu livro no carro, por via das dúvidas, pois o futuro é incerto. Fiz bem pois o dono deixaria ela levar um de nós para conhecer e outro teria que desembolsar os cento e vinte, que eu nem quis saber se era de consumação ou só de entrada. Eu não pagaria de qualquer modo. Aquela filha de uma puta (não, a própria) estava trabalhando, mas para não dizer que eu perdi a viagem ela xavecou e pediu ao dono se um segurança podia me levar pra conhecer a casa. O Husky já tinha entrado correndo pra ir ao banheiro, a menina ficou na porta e eu fui fazer a visita monitorada com o guia indicando os locais: A pista de dança que parece de qualquer puteiro de São Paulo, e as partes dos fundos onde o bicho pega solto. Devo deixar aqui bem explicado que são as partes do fundo da casa e não do segurança. Assim vi a sala do puteiro geral, onde estava formada uma muvuca em volta de um quadrado sobre o qual um cara comia uma mulher de quatro. O cheiro de sexo era evidente naquela sala, mas o casal parecia meio performático. Achei que eram contratados para apimentar os ambientes. Depois vi as salinhas reservadas e as não-reservadas onde quem passa vê o que rola por um trançadinho de madeira ou por um vidro. No labirindo e no andar superior ele disse que só entram casais. Cadê a maluca? Ela disse que nos traria pra conhecer o lugar então quero que ela me mostre o labirinto.

Quando voltamos à entrada a doida não estava mais lá. Pô, eu queria ao menos me despedir e pegar meu livro que deixei junto com a bolsa dela. Nem precisei pedir duas vezes, me entregaram logo o livro azul que estava embaixo da bolsa ali no número 100.

Acendi um cigarro e saí caminhando. Pensava em pegar um táxi na avenida que nem estava tão perto quando recebo uma ligação do Husky:

- Cadê tu, doido?
- Ah, saí, porra! Ela não tava mais na porta pensei que cês já estivessem no labirinto.
- Não, ela só tinha ido no banheiro.
- Ah, mas desencana que eu vou catar um táxi. Curte aí, doido!

A idéia era ir pra casa dormir cedo e gastar mais nada do escasso dindin que eu tinha. Mas lembrei que a Gata Noturna (nome de super-herói) mora ali naquele bairro. Será que ela estava em casa? Difícil, devia estar na rua. Mas porque não tentar?

E ela estava! Eu informei em qual esquina eu me encontrava e disse que a esperaria no posto de gasolina que lá havia. Comprei uma latinha de cerveja e um maço de cigarros e sentei em umas mesinhas ao lado da loja de conveniência, onde comecei a ler meu livro. Em cinco minutos ela já estava lá, rindo da minha indumentária de crente, com bíblia e tudo.

Pegamos o carro e fomos ao Ibotirama. Eu queria passar em casa antes de tudo pra trocar de roupa mas ela me convenceu de que na rua Augusta não são necessárias essas frescuras. E entrando no bar do Alemão, vi o jornalista que é bem assíduo daquela rua, vestindo uma camisa de botão semelhante à minha, com a diferença da estampa estrambótica da dele.

Acabamos nem ficando muito tempo na Augusta. Eu até entraria no Vegas, mas a gata disse que a bebida era cara lá e eu fui obrigado a concordar. Dei a idéia de irmos ao nosso local sagrado de cantorias, pois tem cerveja a preços justos e quem sabe até poderíamos dar uma palhinha.

Pedi dois espetinhos e comi deliciado, contrariando o que eu havia utilizado anteriormente. Fora que quando eu bebo eu não costumo comer para não ocupar espaço no estômago.

Mas o lugar não estava tão legal. Ficamos conversando até depois das seis da manhã, quando fomos ao psy-forró, inferninho das putas na rua Bento Freitas. Lá sim, conseguiríamos algo legal. A gata não paga nada pra entrar, mas eu pago cinco reais. O legal é que ainda ganhei um vale-drink que utilizei pegando uma long- neck. Falei pra gata que não conseguiríamos nada, pois aquela roupinha que me dá jeitão de crente, para os nóias pode parecer jeitão de cana. E falando em cana, um cara grande gordo e com uma camisa de gola pólo com um emblema da polícia veio falar com a gente, puxou conversa, ofereceu da cerveja dele e disse que era do Denarc mas que gostava de cheirar. Não sei porque cazzo uma hora ele mostrou uma cromadona pra gente, acho que pra provar que era da puliça. Depois que ele saiu fora a gata disse que tinha ficado com medo e eu disse a ela que aquilo era nada mais que um bosta, se ele fosse um puliça de moral não precisaria se mostrar tanto. De qualquer modo era bom não darmos muita trela ao sujeito pois daqui a pouco todos pensariam que também fossêmos como ele ou pior, poderiam nos tomar por cagüetas.

Acho que umas oito da manhã havia alguns nóias, putas e travas dançando na pista. Rolou eletrônico (house véio) e também algumas do Calypso. Suuuuuucesso! Quase às nove eu e a gata estávamos dançando uma versão da música do Dirty Dancing (muito propício) com direito a piruetas. Depois que saímos de lá, fomos ao bar 24h perto de casa e ficamos falando de misérias presentes. Já em casa, conversamos falando de amores passados e no final estávamos dançando um samba. E bem, viste?



Deixe para amanhã o que você pode fazer ontem.

(piada interna de ontem que nem eu entenderei amanhã)



Minha memória anda avariada. Talvez seja melhor eu escrever tudo para poder ter alguma estória para contar depois. Se bem que às vezes eu penso que deveria não lembrar nada mesmo, para o meu bem. Ou deveria? Ah, sei lá!

O Rio de Janeiro continua lindo e eu continuo um bêbado sem a mínima noção do ridículo. Aliás, já cheguei bêbado ao Rio e de lá saí assim. Tudo culpa do atraso de quase quatro horas no nosso vôo, que fez com que ficássemos bebendo chopp no aeroporto. O que mais faríamos nós três? Bebam, crianças, e paguem esse preço absurdo.

De manhãzinha chegamos na casa da Paula, que tinha vindo pra SP. A prima dela ia ficar e nos receber (uêba!).

Jogamos os colchões no chão de um dos quartos e ficamos conversando e bebendo até capotarmos. Acordei sei lá que horas e comi uns pedaços de torta e... Comecei a beber cerveja. O que fizemos mesmo depois disso? Ah, fomos à praia de Copacabana (que eu pensei ser Ipanema por conta de um dos túneis que passamos)! Andamos um pouquinho no calçadão e paramos em um barzinho. Ficamos bebendo até de noite, quando fomos pra casa tomar banho, se arrumar e ir ao Tim Festival. Liguei o som, peguei uma cerveja, acendi um cigarro. Eles começaram a brigar e ela quis ir embora. Eu, bêbado, escondi o sapato dela, mas depois acabei brigando também e falei onde estava o sapato. A Yula, dona da casa, chegou bem depois, com alguns amigos que ficariam lá bebendo, ouvindo música e sabe-se lá o que mais. Uma loirinha, uma outra com cara de tímida e um moleque.

Havia uma vodca, da qual bebemos tampinhas. Todo mundo virando ao menos uma tampinha. E nessa brincadeira até eu que não gosto de vodca viro uma tampinha.

Quando eu estava prontinho pra ir ao show, o casal briguento resolveu ir também. Eba! Vamos beber uma cerveja pra comemorar.

Chegando lá, não queriam deixar eu entrar porque eu estava com uma câmera profissional. Ora porra, mas todo mundo entra com câmera nessa merda! Não adiantou, não queriam deixar eu entrar. Fiquei ali xavecando e fazendo cara de cachorrinho pidão por uns dez minutos, até que vi que essa tática não daria certo e exigi meu dinheiro. Então tudo foi resolvido e eu pude entrar. Só de raiva tirei um monte de fotos, parecia um turista japonês. Mas só de praga deles todas saíram uma merda.

Quando eu cheguei o Booka Shade tocava e bem pra caralho. Fiquei ali um tempo preso à gig, até que fui ver o Yeah Yeah Yeahs. Caralho, só faltava eu perder a última parte do último show. Já não tinha visto a véia Patti por conta de bebedeiras e conseqüente perda de noção das horas.

Na entrada do palco principal encontrei o Dukkha, que toca na Jaca. Ele falou que depois iria ao Dama de Ferro. Gostei da idéia. Mas eles não. Depois do show, quiseram ir pra casa. Eu fui com eles até em casa e depois iria até o Dama, mas até eu fiquei com preguiça e resolvi ir só até a Lapa que não é tão longe da Tijuca, onde estávamos. Na verdade eu estava faz tempo com idéias de ir conhecer esse grande muquifo lindão que é a Lapa ali ao lado dos arcos.



Não decepcionou. Parei em frente a uma gama de bares e clubinhos onde tocava tudo que é tipo de som. Fui até a sinuca maloqueira, em um casarão na rua de trás. Nem é tão maloca quanto eu pensava. E a galera legal. Perguntei a um alemãozinho se ele sabia quem tinha um bagulho. Mas ele disse que tava difícil depois que um fotógrafo publicou fotos da galera vendendo e utilizando ali na Lapa. E com efeito, havia uma viatura parada o tempo todo lá na esquina. Malditos fotógrafos!

Dei um rolé, parei em um boteco onde tinha umas bichas feias dançando umas músicas poperô da Jovem Pan. Perguntei para um menos purpurina se ele sabia do bagulho. Nada.

Estava terminando minha cerveja quando um cara que devia ser amigo da bicha que eu falara há pouco começou a conversar. Ele não era bicha, ou parecia não ser, mas veio jogar um xaveco pro amigo. Falei que nem rolava, valeu. Ah, mas ele só quer fazer uma chupeta, tu nem encosta - disse ele. E eu disse que nem rolava, não ia subir. E o cara falou que o outro poderia chupar até mole mesmo, o que ele queria era chupar.

Acabei de beber a cerveja e polidamente me retirei do local. Voltei à sinuca e até desencanei das drogas. Estava no balcão bebendo e conversando com uns tiozões malucos. Um deles estava dizendo que o outro era vascaíno mas sabia a escalação do Flamengo de mil novecentos e bolinhas.

Mas ô bigode, disse eu, é que ele tem um chamego pelo Flamengo! E ele concordava, rindo. O outro maluco queria por uma música na juke box e pediu minha ajuda. Mas o dono do bar já estava desligando a juke. Nisso o alemãozinho a quem eu havia perguntado do bagulho, me chamou pra jogar sinuca. Estava ele, o primo dele e uma menina. As partidas foram equilibradas, mas talvez porque todos estivéssemos desequilibrados por excesso de cerveja. O primo do alemão, um grandalhão estava querendo tretar a todo momento. Primeiro quis tretar com um cara que na verdade é um dos seguranças da casa.

Depois que a casa fechou eles iriam me dar uma carona até a Tijuca, que fica perto. No caminho tretamos com uns hippies. Começou com um grupo tirando o outro pra lóki e eu falei que eles eram uns bostas, de hippies não tinham nada, não passavam de mendigos. O bicho estava quase pegando e o alemãozinho botando panos quentes. Conseguiu me convencer e eu o ajudei a botar panos quentes no primo, que estava mais exaltado. Na verdade eu devia ter sido convencido pelo brigão, pois aqueles hippies eram muito folgados. Eu queria ser mais sangue nos óio e bem no dia que eu tô ficando alguém vem com palavras de apaziguamento? Ora, merda! E ainda tive que ouvir por isso. Pegamos o carro dando risada, eu e a menina no banco de trás e o alemãozinho e o primo no da frente. O primo começou a brigar com o alemãozinho porque ele é um maricas, que tinha que ajudar a cair pra dentro. O alemão disse que não queria ficar tretando por lá. Nós éramos de fora (o grandalhão era de Minas, eu acho) mas ele estava direto por lá. Correto.

Aí o primo direcionou a raiva pra mim. Disse que eu também, também devia ter caído pra dentro e que eu era na verdade amigo dos hippies. Protestei veementemente, amigo dos hippies é o caralho! E ele perguntou o que eu estava fazendo naquele carro. Eu falei pra ele parar, que não havia pedido carona nenhuma (e é verdade, eles me ofereceram). Ele parou e eu saí. O alemãozinho e a mina falaram pra eu ficar, acharam que eu ia brigar com o primo. O primo a mesma coisa, pois também desceu do carro. Eu disse que não saí pra tretar, só saí porque não precisava mais da carona. Agradeci e saí andando. E peguei um táxi, não fazia idéia de onde eu estava. Antes peguei outra latinha no bar.

Devia ser bem umas oito da manhã quando cheguei em casa. Entrei no quarto e me deitei ao lado dela. Ele ressonava do outro lado. Ela acordou e perguntou o que eu tinha. E eu fiquei lá, todo choroso, dizendo que só arrumo inimizades. Ela ficou passando a mão no meu cabelo num carinho materno.

Acordei no outro quarto. Não sei como fui parar lá. Só sei que eu estava sem calças. Sim, só de camiseta e sem calças. A Yula viu minha bunda quando passou pelo quarto de manhã. Eu estava fantasiado de Pato Donald!



Assim aconteceu o mistério do sem-calça: Ainda tenho vergonha do que não sei que fiz. Mas só de ficar sem calça e ir parar no outro quarto (onde estavam a loirinha e o moleque na hora que eu cheguei) já significa que boa coisa não aconteceu. Só sei que não fui violado, pois quando acordei de manhã era só minha cabeça que doía. Aliás, doía pra caralho. Tanto é que dessa vez eu aceitei a Neosaldina que me ofereceram. E não é que a dor de cabeça passou logo depois que fomos justificar o voto? Neosaldina é o futuro da humanidade. Já sou fã!

Na avenida passava um ônibus indo pro Leblon, que corremos pra pegar. A Yula não quis ir porque tinha quebrado o dente da frente de madrugada, caindo na sala. É triste ver as pessoas perdendo os dentes, as calças... Onde esse mundo vai parar?!

Chegamos e passamos o túnel e eu de novo achei que estávamos em Ipanema. Paramos num quiosque e bebemos, bebemos, bebemos. Eu já estava ótimo. Que dor de cabeça, que nada! Tirei fotos de surf com minha super objetiva 75-300 que também não ficaram boas. Acho que não tenho dom pra nada mesmo. Merda!

Depois fomos para o bar do dia anterior e ficamos bebendo até que descobrimos que estávamos em Copacabana e resolvemos pegar um táxi para Ipanema. É pertinho mas o sol já estava no fim. Então fomos pra areia e compramos cervejas. Também caí no mar, que é pra tirar a zic-zira.

Já era noite quando paramos em um bar em frente a uma praçona de Ipanema. Eu já tinha ido naquela praçona quando fui na apresentação do Fat Boy Slim com a Pri e depois fomos ver o Julião tocar na Nova, que era ali. Na esquina tem o bar onde paramos e comemos quase uma peça inteira de picanha. Só aí que eu comi decentemente. E bebi pra caralho também, sei lá mais quantos chopps. Quando chegamos em casa vi que não tinha mais cerveja e fui comprar mais oito no posto da esquina. Só pra segurar até a hora de pegar o avião. O meu só sairia de madrugada. Eles resolveram pegar busão que sairia meia-noite e eu devia ter feito o mesmo porque não dormi nada nesse entre e sai de avião, ônibus e metrô.

A propósito eu parei de beber no aeroporto. Chega disso, não quero ser o novo Jeremias.



(perdoem os erros, amanhã eu reviso o texto enquanto bebo uma cervejinha)



Todo mundo às vezes se acha o bom e às vezes se acha o bosta. E em ambos os casos isso nem sempre corresponde à verdade.

Então, ache-se quando bem lhe prouver.



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