Cheiro de maconha na madrugada nevoenta de São Paulo. A névoa se misturava à fumaça pesada quando o cigarrão aceso me foi passado pela mão pregueada do velho ao meu lado.
E ele contava as estórias do local, louco antigo do Ceasa. Ri e tossi com a estória da jararacuçu no meio dos caixotes de bananas.
Já no caminhão, me sentia aéreo como se tudo estivesse embaçado. E estava. Embaçado, e frio, e eu queria voltar a dormir. Mas a ordem é levantar a lona, arrumar os vegetais, empilhar os caixotes... Até que se torna divertido quando sob efeito do beck.
"Arruma direito esses caixotes ô seu bagual!" - Gritava o Marcelão vendo o retardado brincando de tetris com as caixas.
Durante a manhã apareceram umas três velhas que pareciam mais loucas que eu. E mais gente aparecia, comprava, falava... Tem horas que parece até que sou psicólogo do povo, e é engraçado como as pessoas são solitárias e desandam a falar quando encontram um ouvido compreensivo.
Foi assim que a manhã passou rapidamente e no começo da tarde estava eu de volta às cobertas na velha kitchenete.
Essa vida é um luxo!
Ouvindo: Girls, money, drink and drugs - The Breakfastaz posted by Ed Gardenal at 9:28 PM
quinta-feira, agosto 16, 2007
Que eu me cansaria da vida de feirante era algo já previsto. Sim, estou cansado, tenho trabalhado muito, mas muitas vezes me sinto recompensado: é o sorriso das tias-véias, o rebolado da morena, as idéias com os velhotes, as risadas com os camaradas...
Difícil é acordar de madruga e ir buscar os hortifruti. E nesses dias de friaca forte em Sampa, sair para o batente foi punk rock hardcore! Foda também é o cheiro de couve que fica no nariz.
O mais legal é conhecer grande parte da cidade e sobretudo as pessoas. Já até encontrei gente conhecida na feira também: dia desses foi a Dani na barraca. Ainda revi - e saboreei - minha venda à noite, no jantar na casa dela. Delicioso, aliás.
Na feira da Herculano de Freitas às quintas, montamos a barraca em frente a um cyber. De vez em quando dou uma fugida pra ver emails, orkut e similares. Vou aproveitar e publicar um pouco mais nese abandonado sítio. E estórias da feira-livre é o que não falta...
Ouvindo: Não é mole não - Funk'n'lata posted by Ed Gardenal at 9:18 PM